Apesar do grande esforço da Pedagogia em tornar nossas salas de aulas um ambiente de respeito às diversidades culturais, ainda há muito o que refletir diante da realidade escolar. Será que não estamos fazendo com os nossos alunos o mesmo que os europeus fizeram com os índios quando “descobriram” o Brasil?
Embora o Etnocentrismo ser um assunto atualmente bastante discutido em meios acadêmicos, podemos notar que muitas vezes a diversidade cultural de nossos alunos não é valorizada. Sabemos que a cultura se refere a tudo aquilo que integra a realidade humana. Assim, um homem não tem cultura porque possui um grande conhecimento de um determinado assunto, mas tem cultura pois está inserido numa realidade que corresponde ao conjunto de valores, crenças, conhecimentos, maneira de agir, formas de celebrar e viver, etc. Desta forma, o homem não tem apenas cultura, mas é cultura porque ela também se refere a identidade de cada ser humano. Com isso, devemos afirmar que o mais correto é afirmarmos a existência de culturas e não de apenas uma cultura pois se há uma diversidade de pessoas humanas também há uma diversidade culturas.
O Sistema Educacional que é imposto pelas instituições de ensino pouco tem colaborado com a valorização da identidade de um determinado lugar, uma vez que ele já vêm “moldado” como deve acontecer, e às escolas só é incumbida a tarefa de segui-lo. Ao mesmo tempo, encontramos profissionais da educação que não estão abertos a acolher as diferenças culturais dos alunos nem mesmo apreciá-las.
Infelizmente em nossas salas de aulas não há uma atitude de abertura ao diferente, ao novo, ficando cada vez mais difícil a valorização da cultura à qual o aluno está inserido, ou seja, a valorização dos elementos (crenças, valores, conhecimentos, maneiras de agir, formas de celebrar e etc.) que compõem o universo humano. Uma educação autêntica levará ao conhecimento de que cada cultura pode ser enriquecida com outra. Não é criar uma outra cultura a partir da realidade de outras, senão descobrir na diversidade cultural a beleza da existência humana.
Cada vez mais no meio de uma cultura de massa etnocêntrica se imporá aos responsáveis pela educação a valorização e a abertura ao diálogo com a pluralidade cultural. Os futuros educadores deverão também apreender que a riqueza dos diversos mundos dos alunos possibilitam uma autêntica formação humana. E com certeza, uma educação que não privilegie apenas um mundo nos levará a perceber na infinitude do universo humano a riqueza cultural do nosso povo. O que nos fará descobrir entre essa riqueza a nossa identidade.
Claudia de Paiva Barroso